Quando foi que gostar de alguém se tornou algo ruim?
Na minha cabeça era para ser algo
leve e gostoso de viver, não essa arapuca toda em que a gente se vê envolvido.
Por quê o simples gostar de alguém pode se tornar em algo tão devastadoramente
assombroso? Por quê a gente tem que ser menos quem somos para fazer parte de um
tal jogo do gostar? Por quê eu tenho que demorar para te responder se a minha
vontade é responder já? Que mal tem? “Ah, aí a pessoa vai se assustar né, por
isso” – mas e se a pessoa amar receber uma resposta rápida? E se for eu o
primeiro a responder rapidamente? E essa atitude é ruim? E se eu responder
rapidamente, ela também, a gente se ver e ficar juntos rapidamente? Isso é
ruim? Será que se ela se assustar por eu responder rápido não significa que ela
não é bacana para ficar comigo? E quanto mais rápido eu souber, menos tempo a
gente vai perder tentando? A gente está numa competição entre o sentir x o
demonstrar? Quem demonstrar menos ganha? Ganha o que? Quanto menos os dois
ficarem juntos, não é pior para os dois? Ninguém ganha.
Quando
foi que gostar de alguém passou a ser algo ruim?
O que Romeu e Julieta pensariam se pudessem ver no que nós transformamos o amor? Quantas perguntas, né? Tem muito mais! Está tudo tão estranho que nem dá para explicar direito. Por quê a gente briga se alguém só leu e não respondeu?
O que Romeu e Julieta pensariam se pudessem ver no que nós transformamos o amor? Quantas perguntas, né? Tem muito mais! Está tudo tão estranho que nem dá para explicar direito. Por quê a gente briga se alguém só leu e não respondeu?
Não seria bacana a gente só
gostar de ficar perto de quem gostamos enquanto temos vontade? E aí a gente se
distanciar quando algum de nós não querer mais? Não daria para funcionar assim?
Qual é a dificuldade?
A gente conseguiu problematizar o
amor. Conseguimos transformá-lo em instrumento de tortura. Pegamos todos os
seus benefícios e o amaldiçoamos! Afinal, se eu demonstrar que estou gostando
de você, o que é básico na premissa do amor, pode ser um perigo para mim. Se eu
disser que estou com saudade, poucos momentos depois te ver, vai parecer
pressão e que estou sufocando a sua vida. Mas isso era carinhoso há pouco tempo
atrás. Alguém ainda gosta disso? Sempre foi legal de dizer e sentir.
Eu queria voltar ao tempo que a
gente só vivia as coisas e falava o que sentia. Naquele tempo, a gente passava
horas no telefone falando com a pessoa – até a orelha arder. A gente mandava
uma mensagenzinha de bom dia e um de “cheguei em casa”, sem a preocupação de
parecer perseguição ou qualquer tipo de pressão. A gente gostava de cuidar da
pessoa porque ela gostava de ser cuidada também – assim como todos nós. Quando
a gente só vivia as coisas que a gente sentia ao invés de problemetizá-las, a
gente fazia declarações cafonas. A gente gostava de comprar coisas ao lembrar
da pessoa – mesmo sem ter algo sério com a pessoa. A gente chegava em casa e
fazia as coisas super rápido para ter tempo livre o bastante para a ligação
sobre como foi o dia. A gente só gostava de ficar perto, de ouvir a voz, de
falar que amava, de responder que também ama e de ficar na fila do cinema de
mãos dadas.
Quando foi que tudo mudou a ponto
de eu não poder te falar uma coisa boa? Se não essa coisa boa vai parecer grude
da minha parte? Será que nós viramos aquelas peças que a gente troca, tipo: não
deu essa, vamos tentar com outra. Essa também não deu, pode ser essa então. No
que nós transformamos as histórias?
Jura mesmo que nós viramos peças
de um grande jogo do amor? Que eu preciso seguir regras ao invés de seguir meu
coração? Que eu não posso dizer que só fiquei te olhando feito bobo por te
achar bonita e gostar de você, pois se eu fizer isso eu vou demonstrar que
estou “gostando demais, rápido demais”. Jura mesmo que a realidade hoje é esse
papo de joguinhos de amor? Quando foi que o relógio passou a ser o controlador
do coração? E o pior: em que escola se aprende a como dizer para o coração o
que ele deve sentir? Ou então: onde se aprende a ignorar o coração e viver sem
sofrer? A não ser, pode ser isso, que sejamos hoje um bando de sofredores
profissionais, colecionando armas e escudos para o coração. Olha o que nos
tornamos! Te beijei ontem e queria tanto te falar que queria te beijar hoje,
mas “eu preciso esperar você mandar a mensagem primeiro”, porque “faz parte”.
Isso é tão triste. A gente não pode deixar isso acontecer. Nós, eu e você, nós
que somos eternos confiantes sobre o lado bom da vida não podemos deixar que
transformem o amor que amamos em um sentimento para sentirmos. Vê a diferença?
Não podemos deixar que estraguem o prazer de começar uma história com alguém e
ouvir, pela primeira vez, que esse alguém nos ama. Não podemos assassinar a
espontaneidade dos sentimentos. Não podemos deixar de ser quem somos para
evitar sofrer. A GENTE TEM QUE SOFRER QUANDO A VIDA ACHAR QUE DEVEMOS! Sofrer
nos faz crescer. Sofrer nos ensina a ser melhor. Sofrer por amor faz parte da
vida feito dias de chuva e sol. O amor também envolve o sofrer e os refrões de
fossa deitado na cama de rosto para o colchão. Mas sofrer é só um pedacinho, o
amor puro é muito mais que isso. Todo mundo sabe que o amor é mais que sofrer.
Deixa eu
te fazer um pedido?
Continue amando mais e jogando menos.
Sendo mais você e menos um personagem de você.
Errando mais por excesso do que pela falta.
Respeitando mais o que sente do que as regras que te dizem.
Continue amando mais e jogando menos.
Sendo mais você e menos um personagem de você.
Errando mais por excesso do que pela falta.
Respeitando mais o que sente do que as regras que te dizem.
Você será melhor, serei melhor,
seremos melhores e mais felizes.
Tipo como
o amor quer que a gente seja e como a vida merece ser vivida.
Não dá para ter certeza de quando foi que gostar de alguém se tornou algo ruim, mas dá para gente evitar com que isso se torne algo maior e fora do nosso controle; da para fazermos alguma coisa, sermos mais reais, tudo isso e muito mais para preservar o amor que gostamos de gostar e o que gostamos de sentir.
Não dá para ter certeza de quando foi que gostar de alguém se tornou algo ruim, mas dá para gente evitar com que isso se torne algo maior e fora do nosso controle; da para fazermos alguma coisa, sermos mais reais, tudo isso e muito mais para preservar o amor que gostamos de gostar e o que gostamos de sentir.
Quando vivemos o amor como um jogo nós só temos a perder. E ele é bem mais que
você, eu e nós.
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