Às voltas e os giros que o mundo dá...
Giro eu ou gira ele?
É bem comum acharmos que o mundo gira (ultimamente na velocidade máxima) ao nosso redor. Não que isso seja olhar somente para o próprio umbigo, se achar o centro do universo, a última bolacha do pacote, e por aí vai. Não mesmo. Tá mais pra uma baita sensação de impotência diante de tudo que acontece nos poucos minutos em que tomamos o primeiro café do dia e só vamos saber pelo rádio a caminho do trabalho. A sensação fica ainda maior quando estamos parados no trânsito, enquanto na pista contrária os carros passam acelerados por nós.
Mais raro é perceber que fazemos parte deste movimento e também estamos sempre girando ao redor de alguma coisa, mesmo parados. Como assim? Não tô nem me mexendo! Tá sim.
Já me peguei pensando no mundo como uma floresta de rodas gigantes. Vejo que elas giram o tempo todo, se mexem em sentidos e velocidades diferentes. Consigo ver as pessoas sentadas nos bancos. Bancos que balançam. Elas estão paradas, nem podem se mexer pois correm o risco de cair. É a roda que mexe com elas, não tem como evitar. Neste movimento elas vão pra cima e pra baixo, pra frente e pra trás, mesmo que não queiram. Cada banco uma vida.
Quem controla os altos e baixos?
Volto a pensar nas rodas gigantes. Na minha imaginação elas são muitas, lembra? Têm alturas diferentes, giram em sentidos contrários, umas são mais rápidas, outras mais lentas. Pode parecer estranho mas isso me faz pensar nos encontros da vida. Sabe quando você diz: “nossa, quanta gente já passou por mim e eu nem percebi”? Esse mundo que eu imagino gira assim: as pessoas de uma roda vendo as pessoas da outra roda. Um constante passar de umas pelas outras, sem aproximação. Quase ninguém se interessa com o lado de lá, estão todas muito preocupadas com a própria condição. Afinal, ninguém está disposto a arriscar, a sair do eixo. Dá pra entender, é preciso muita coragem pra descer da roda.
Como dizem, o mundo também dá defeito. Ou será que apronta surpresas?
Atenção, de vez em quando a roda para. E se acontecer de mais uma roda parar ao mesmo tempo, esteja preparado. Encarar o outro será inevitável. É a hora que o risco muda, olha só, o encontro pode ficar mais sério. Aumenta a chance do relacionamento ficar intenso. Talvez a explicação seja simples, a identificação é bem mais fácil quando as pessoas se encontram na mesma situação. Quem sabe você não diga: “caramba, tem gente que chega na nossa vida pra ficar”.
Viver na roda gigante nem é tão ruim.
Tem giro bem pior. Tô aqui pensando no pião. Verdade! Não tô brincando, tem gente que vive como um pião. Gira em torno do próprio umbigo eixo e com tanta velocidade que nem se dá conta de quem do que está ao seu redor. Precisa ser rápido e autocentrado, caso contrário não pararia em pé. Quando esbarra em alguém alguma coisa, fatalmente machuca estraga. O choque é grande, ou ele arrebenta a pessoa coisa ou se quebra. Se der a sorte de não esbarrar em ninguém nada, vai girar sozinho até o fim, até que sua força acabe, até que ele tombe.
Pobre pião, tem um detalhe que ele ainda não entendeu.
Quem puxa a corda é você.
Quem puxa a corda é você.
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