E SOBRE A LIBERDADE DE QUEBAR ESPELHOS.
É preciso desconstruir, é preciso retirar todo rótulo, todo padrão, é preciso tirar todas as críticas e todos os elogios, eles são celas, algumas celas são mais bonitas do que outras, mas ainda são celas, a função básica de uma cela é a privar-nos da liberdade e nos separar de nós mesmos. Nos separar do céu e da possibilidade do infinito.
Por mais que a nossa consciência nos alerte sobre quem somos, muitas vezes os rótulos causam uma neblina que nos impede de seguir em frente e esse fenômeno ocorre justamente quando encaramos o nosso espelho que fica acima da pia do banheiro, nesse hábito corriqueiro e matinal existe uma grande verdade, um dia você olhará naquele espelho e a pergunta temida estará lá: “Quem sou eu?”
Me perguntei isso recentemente.
Sou o que dizem? O cara que escreve umas coisas legais, o barbudo, o asmático, o escritor da internet, o bom partido, o mal partido, o cara que desenha, o cara que acha que desenha, o bom amigo, o bom ouvinte, o cara que escreve banalidades, que segue o “padrãozinho”, o cara querendo ser outros tantos caras, o passageiro, o intenso, o estranho, o tímido, o arrogante, o livro sem fim, o quixote, o que não sabe dizer não, o novo, o velho. Não sou nada disso, apenas sou.
No fundo eu quero o autoconhecimento que deixa sempre algo desconhecido, quero poder quebrar minhas regras e essa fratura não causa dor, me provoca riso, sei que ainda posso me surpreender, que no meu eu existem planetas e quem sabe galáxias que não foram descobertos, isso é viver. Não tente me definir, não quero as suas pequenas regras feitas para me apequenar, querem me tirar o direito ao deslumbramento e o direito à dor, coisas sagradas, coisas humanas.
Quem sou eu?
Apenas sou
Apenas existo
Quebrei o espelho, pela liberdade de ser alguém sem reflexo.
Serei enigma.
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