ESCOLHAS... SERÁ QUE CASO OU COMPRO UMA BICICLETA?
Casar é propósito de crescimento, compromisso com a fidelidade, uma proposta de envelhecer ao lado de alguém, ser o subsídio nas horas turvas, doar os olhos quando as decisões cegarem o companheiro. Unir-se a alguém é mais que uma aliança dourada no dedo, a mudança de status nas redes sociais ou ter um a mais para pagar as contas. É além do sim no altar e do juramento “na saúde e na doença” ou “até que o divórcio os separe.” Pra mim, quem casa é porque já não consegue mais morar em si, precisa de outro alguém para ter uma segunda casa. É uma compra a prazo. Parcelas de convivência com os defeitos, com as manias, os trejeitos... Um circulo de personalidades distintas. Um desafio e dois ganhadores: só perde quem cai na rotina e é esmagado pela comodidade.
O verdadeiro amor é nutrido de situações atípicas, de carinhos fora de hora, de sexo sem hora marcada, de arquitetos que constroem a continuidade do encantamento.
Mas, e a bicicleta? A bicicleta é ela e pronto. Ela não te cobra se tu chegares tarde em casa, não vai fazer cara feia se fores a um churrasco na casa dos amigos, em casos não será como eu á reclamar da toalha molhada em cima da cama. A bicicleta é simples, prática e pode ser uma das suas melhores amigas. Você abre as pernas sobe, e saí por aí, com ela te carregando no colo e te mostrando o mundo. Dona de uma capacidade quase que indescritível, ela proporciona a sensação de liberdade, a brisa acariciando seus cabelos, a confusão do trânsito, a mobilidade entre os carros te dá a mais infinita leveza, independência e felicidade. Como se ela fosse sua casa e o seu refúgio nos momentos difíceis.
Mas, vem cá?! Quem vai passar o domingo contigo quando estiver com frio e cansado? Quem vai te fazer companhia em uma sexta-feira de feriado? Quem irá cobrar sua presença quando der saudades? Quem irá te levar o papel-higiênico quando faltar? Quem irá reclamar da toalha molhada em cima da cama, da louça que ninguém ajuda a lavar e das roupas que você não para de sujar?
Ter uma bicicleta é ótimo, mas eu sugiro terem os dois. O dia que o casamento estiver tenso e pesado, pega tua companheira e sai por aí a fim de refrescar sua mente. Desgasta os pneus da bike e não do seu relacionamento. Trai apenas o caminho que fazias antes. Mude a rota. Explore novos horizontes. Grite de raiva e chute o quadro quando ela inventar de deixar a correia escapar bem no meio de um cruzamento. Explode! Grita! Xinga! Ama e odeia sua magrela. Deixa-a em um canto quando ela estiver muito enjoada, esquece por um tempo e pega de novo. Porque bicicleta dá! Dá e pode. Agora casamento, na primeira esquecida um dos “pneus” já vai começar a esvaziar. No segundo grito já esvazia o da frente. Na terceira esquecida, na quarta briga, na quinta confusão, no quinto xingamento já irá furar o pneu da frente, o de trás, afrouxar os freios e enferrujar por falta de cuidado. Aí meu amigo, não adianta tapar o furo com pistache. Nem implorar para o consertador trazê-la de volta.
Cuidar do que é seu é uma tarefa a qual foi lhe ensinado desde pequeno, e a regra se aplica em todas as situações. Cuida e se dedique no afeto de quem está ao teu lado. Então, casa! Casa e compra uma bicicleta.
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