AS VEZES ME FAZ FALTA O SILÊNCIO

Estamos em um tempo onde tudo acaba sendo postado, compartilhado e comentado. Estamos conectados o dia todo, somos bombardeados por informações, pratos divinos, gente que diz que pode nos influenciar digitalmente, o casal top, as viagens, as fotos, os textos sobre nomes/signos, elogios sem criatividade e por aí vai, eu tenho um certo sentimento de estar preso nesse barulho todo e sei que não sou o único, tive que aprender o silêncio. No mundo onde as pessoas desaprenderam o valor do mistério, onde somos íntimos de muita gente que não sabe o som da nossa voz, desaprendemos o som do silêncio. É preciso retornar ao estágio inicial, uma alfabetização pelo silêncio, se perder um pouco em si mesmo.
Quero lembrar que eu amo a possibilidade das redes sociais, o espaço para novos artistas (no sentindo sagrado dessa palavra), o debate e o encontro de pessoas com interesses em comum, mas existe o ônus, existe a loucura pelos números uma repetição de fórmulas que deram certo e a diversidade linda vira uma padronização enlatada, existe um certo materialismo onde parecer é mais importante do que ser. Existe o mal aproveitamento de uma ferramenta maravilhosa (tendência do ser humano). Existe uma falsificação de momentos felizes e de uma vida “perfeita” e uma idolatria estranha.
Meses atrás eu estava vendo uma live onde uma pessoa em questão ficava fazendo caras e bocas e quando falava, ela lia apenas os elogios quase sempre repetidos esbravejados por uma legião de pessoas, eu me questionei (eu tenho esse hábito frequente), o mundo virtual pode ser ensurdecedor.
Certas perguntas me invadiram, perguntas do tipo: Quantas coisas eu faço sem publicar? Quantas coisas eu faço por mim? Quantos textos eu escrevi sem pensar na internet? Quantas vezes eu me cobrei porque fiquei mais de dois dias sem postar nada? Quantas fotos eu postei só para parecer interessante? Eu tive que aprender a ser um pouco mais silêncio e sendo silêncio eu fui apenas eu, a Bruna Luísa de sempre, a real. Tive que aprender a equilibrar essa balança, a usar a ferramenta de forma correta. Uma ferramenta para o encontro, uma ferramenta para o trabalho e também para a arte.
Eu fico muito feliz quando um leitor me conhece pessoalmente e diz que ficou surpreendido, pois já gostavam dos meus textos, mas irão gostar muito mais agora que me viram, pois me acharam uma moça muito legal no mundo real. Isso me faz sorrir.
Espero que possamos sempre estar pensando, com menos barulho o mundo é lindo e imenso e no silêncio eu aprendi que o tempo passa mais devagar.


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