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Mostrando postagens de 2016

Geração das desencanadas

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Eu nunca tive muito saco pra requinte, medo, gente contida. Sempre achei que essas coisas eram importantes pra fazer a gente pirar, gritar na sacada e acordar os vizinhos. Eu ontem conheci uma garota no bar (me peguei pensando e conversando com a Bruna pós umas doses) que me disse que sentir medo é pra quem tem coragem, coragem de não se permitir, de ponderar o que é certo e o que é errado. De acreditar que a imensidão do seu corpo se encaixa em algum padrão ou que felicidade é esperar que alguém de fora venha pra dizer que te ama. Ela é da geração dos desencanados, que descobriram que o mundo é seu e que podem tudo. Com o cabelo natural ou não, a bunda de fora ou não, o mundo é seu e podem tudo. Tem um pessoal que gosta de regular, dizer que ela precisa ser assim, que precisa se vestir assado, um pessoal que descobriu que todos os seus medos e frustrações podem ser maculados se você julgar e machucar alguém que é livre, que é forte. Ela me contou que a muito se sentiu men...

Devaneio sobre o vermelho de dentro - Minha Flor Rubra.

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Chovia e não se importava, enquanto todos corriam buscando abrigo,  se apertando embaixo das marquises ela continuava sentada no banco da praça. Estava coberta das gotas que escorriam por seu corpo, com olhos perdidos no horizonte, a boca semiaberta com seu batom vermelho feito sangue, os cabelos despenteados, a camiseta ensopada, a bolsa no colo que carregava o maço de cigarros e um pequeno caderno de anotações. Era poetisa e leitora de si mesma. Sempre sentiu enorme vazio e deslocamento, estava feito peça perdida de um quebra-cabeça chamado existência, uma dizima que a vida preferia arredondar. Pensou que os fantasmas eram assim e riu, pois as pessoas que disseram para ela não acreditar em fantasmas hoje não creriam nela. Pensou na sua existência, era excêntrica, praticava o exercício esquecido da reflexão, não tinha tempo para idiotices, carreiras imbecis, status e pessoas rasas. Desde muito cedo sabia que a vida era mais do que rótulos, produtos e transações. Desco...

E SOBRE A LIBERDADE DE QUEBAR ESPELHOS.

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É preciso desconstruir, é preciso retirar todo rótulo, todo padrão, é preciso tirar todas as críticas e todos os elogios, eles são celas, algumas celas são mais bonitas do que outras, mas ainda são celas, a função básica de uma cela é a privar-nos da liberdade e nos separar de nós mesmos. Nos separar do céu e da possibilidade do infinito. Por mais que a nossa consciência nos alerte sobre quem somos, muitas vezes os rótulos causam uma neblina que nos impede de seguir em frente e esse fenômeno ocorre justamente quando encaramos o nosso espelho que fica acima da pia do banheiro, nesse hábito corriqueiro e matinal existe uma grande verdade, um dia você olhará naquele espelho e  a pergunta temida estará lá: “Quem sou eu?” Me perguntei isso recentemente. Sou o que dizem? O cara que escreve umas coisas legais, o barbudo, o asmático, o escritor da internet, o bom partido, o mal partido, o cara que desenha, o cara que acha que desenha, o bom amigo, o bom ouvinte, o cara que...

Evite ilusões. Cair em si dói menos.

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Dói.  Sempre dói.  É inevitável. Afinal, encarar tudo como realmente é muitas vezes machuca. Machuca ainda mais quando percebemos tudo o que não é. Tudo o que nunca foi. Mas ainda assim, cair em si é uma queda muito menos dolorosa do que manter-se em uma ilusão.  Acredite. Certas ilusões voam altas demais, mas sempre com pouca estabilidade. Uma hora elas caem e a dor é muito pior. Saiba então enxergar a realidade. Não com outros olhos, mas com olhos próprios. Até porque quem está de fora quase sempre já enxerga a verdadeira natureza de certos descasos. Das ilusões. Então, caia em si. Sem medo de se jogar. Então, caia em si. Sem medo de enfrentar verdades.  É mais seguro (e feliz) do que manter-se amarrada em efêmeras mentiras. Algumas descobertas podem até doer, mas nunca se engane. Cair em si dói menos do que continuar caindo em tantas ilusões.

Não vejo defeito em quem não sabe amar, não mesmo. Só não guardo no meu peito.

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Sim, eu sei… Você certamente pensou que eu estava ansioso, contando os segundos para receber sua mensagem. Respondi rápido, não foi? Pois é. Eu estava online. Estava com saudades também. Por isso respondi. Eu? Não, não aprendi a submeter meu coração à cartilha deste amor moderno. Pouco importo se para vocês a melhor maneira de demonstrar interesse é agir como se pouco caso fizesse. Não faço pouco caso. Faço muito caso de falar com você. Mas acaso eu me torne disponível demais aos olhos teus, caso minha entrega incomode seu orgulho, saiba que para tudo dá-se um jeito. Nem que o jeito seja, enfim, perceber que não temos motivos sequer para tentar. E quero que saiba que no fim das contas, nada fica em mim. Não fica o amor, nem tampouco o ódio. É que sempre fui de pensar assim: não vejo defeito em quem não sabe amar. Só não guardo no peito. Vida que segue.

Mais um texto sobre o amor... mais um...

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 Abro as minhas redes sociais e dou uma olhada no conteúdo das publicações dos meus “amigos” (acho estranho esse termo estar ali), existe uma grande quantidade de publicações ideológicas, debates saudáveis (raros), xingamentos avulsos, gifs engraçados (alguns me matam de rir) e uma grande quantidade de textos, poemas e aforismos sobre o amor e seus desdobramentos amor-próprio, reciprocidade etc.  Faço parte desse último grupo.  Eu tento escrever e descrever sobre os efeitos do amor na minha vida, tento desvendar um pouco sobre esse sentimento que tem um poder terrível sobre nós os seres humanos. Confesso que quanto mais eu escrevo sobre esse assunto, mais distante eu fico de um entendimento claro sobre o mesmo, é como se eu fosse mapear uma pequena vila que na verdade é um imenso continente selvagem, obscuro e fascinante. Dá medo, muito medo, mas avanço sem enxergar onde meu pé irá firmar o próximo passo. A única coisa que eu aprendi sobre o amor é que não ...

Não existe filtro para aplicar no amor, nem para ser feliz...

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  Filtros Existe um grande número de aplicativos para embelezar as fotos, podemos usar P&B, Vintage e outros tipos, fotos comuns ficam lindas por causa de um filtro, ganhamos likes, comentários e gostamos disso, realmente gostamos disso e eu estou incluído nessa, mas no amor não existe um filtro que possa ser aplicado para acabar com as “imperfeições”. Nos venderam a ideia de um amor perfeito, algo parecido com comercial de margarina, abrimos as nossas redes sociais e vemos as fotos dos casais adorados pela grande mídia e outros casais menos famosos, mas considerados legais. Criamos a ideia de que não exista nenhum problema ali, estão sempre sorridentes morrendo de amores um pelo o outro, mas acredite até eles têm problemas para resolver. Desejamos ter uma vida assim, como se a vida fosse um feed de instagram, mas o amor é aquilo que reforça o barco para enfrentar as tempestades da vida, é aguentar firme, é ter as mãos feridas pelo tempo quando lutamos para segurar ...

Qual é o sentido de precisarmos de um detox da própria vida?

Estamos ocupados demais para viver. “Correria, né?” Nos orgulhamos de  viver  existir em vidas tão corridas. Dizemos de boca cheia. De agenda cheia. De bolso e garagem cheios. Sem percebermos, infelizmente, o quanto nos tornamos vazios. Nós estamos ocupados demais para viver. O mais triste: reproduzimos e anunciamos este comportamento com um certo orgulho. Como se nos tornássemos mais valiosos por sermos escassos. Porém, é somente a completa transformação da vida em uma sequência de tarefas a serem executadas. Nada além disso. Até mesmo os mais valiosos prazeres são transformados em deveres.  Às 16:00, respondo os meus amigos. Às 21:00, janto. Às 22:00, faremos amor.  Os próprios atos de contemplação da vida são transformados em tarefas. Possuem prazos, durações, objetivos. São itens em nossas listas. Temos horários para amar. Para aprender. Para ganhar. Temos, até mesmo, horários para perder. Afinal, esta desumana ...

O amor exige coragem. Infelizmente, os covardes são hoje a grande maioria.

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O amor. Explica-se de infinitas formas. Por isso, quase não se explica. Ainda assim, algo é indiscutível:  amar exige coragem.  ( como nosso amigo Matheus Jacob sempre diz) Exige a coragem de construir sonhos sobre dois alicerces e talvez um dia ver um destes partir. Exige a coragem de estar presente por inteiro, com as suas graças e defeitos, e expor os nossos mais obscuros medos a inevitáveis riscos. A perda. A desilusão. O abandono. É abrir-se por completo, inclusive para se ferir. Infelizmente, os covardes são hoje a grande maioria. Preferem viver experiências de portas fechadas, abrindo apenas pequenas frestas para sentirem a brisa. Assim, nunca experimentam a chuva. A grama nos pés. Os toques da vida. Satisfazem mediocremente as suas vontades, mas não percebem tudo o que está tão além disso. Por sorte, alguns ainda conservam a virtude da coragem. Enchem o meu peito de orgulho. Enchem os meus olhos de amor e inspiram os meus ...

Eu não te esqueci. Apenas passei a lembrar de mim.

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Não foi nada pessoal. Tá?  Ou até foi, mas não com você.  Foi comigo mesmo. Isso não significa que eu tenha te esquecido. Isso não significa que eu tenha deixado de lado todos os carinhos que dividimos.  Os sorrisos. Os momentos bons. Eu me lembro. Inclusive até mais do que deveria.  Mas, felizmente, eu me lembro também de todas as vezes em que me anulei. Quando deixei de ser eu mesmo para ser um alguém que te agradava.  Um alguém que se encaixava em todos os seus sonhos e planos, mas tão distante de mim.  Então, não se preocupe. Não é nada com você.  Pelo menos não diretamente.  Eu apenas me lembrei do essencial: eu mesma. Um eu abandonado em alguma esquina, por tanto querer te agradar. Por tanto não notar certos egoísmos. Se eu te culpo? Não.  Longe disso.  Afinal, eu não deveria ter aceitado esse caminho. Mas, por sorte, eu me lembrei disso. Hoje lhe agradeço consigo olhar para dentro do meu eu e me encontrar a cada dia mai...

Chamar de linda é fácil. Difícil é sustentar o elogio.

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"Linda".  "Amor".  E até mesmo o já esperado "saudade".  Elogios tão facilmente repetidos e replicados. O copiar e colar da vida. Se eu os faço?  Claro. Mas não é essa a questão. A questão é sustentar cada um desses elogios. É fazer valer tudo o que os lábios (ou as teclas) dizem com entrega e atitudes. Com sentimentos sinceros, não apenas rasos egoísmos.  Elogiar significa estar ao lado nas noites mal dormidas. Estar presente quando todas as intimidades já foram conhecidas. Afinal, nenhum elogio deveria existir apenas para te levar até ali.  O verdadeiro elogio está em assumir o interesse que as palavras indicaram.  O resto é tão facilmente repetido (e muitos outros já o fazem por aí).  Por isso, sustente as suas palavras com compromissos. Senão qualquer dicionário pode facilmente substituí-lo.

"Eu já não me engano mais pelo calor do deserto, de nada adiantaria plantar algo ali."

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Eu sempre planto amor. No pior dos casos, colho sozinho. Medo? Não. Eu prefiro sempre arriscar. Eu prefiro plantar amor, apesar de todos os terrenos áridos que já encontrei pelo caminho. Corações secos, escondidos atrás de sorrisos tão gentis. Mas, afinal, do que vale a alma se eu nunca arriscar usá-la? Exatamente quando e como ela quiser. Com todas as suas entregues e esperançosas características. Obviamente, eu não deixo de ter alguns cuidados. Eu já não me engano mais pelo calor do deserto, de nada adiantaria plantar algo ali. Ainda assim, a vida é feita de incertezas. De descobertas. Nessas eu sempre prefiro arriscar. Pode até doer. Machucar. A ausência de reciprocidades ou o excesso de egoísmos. Mas, no final do dia, eu sei que ainda existe algo dentro do meu peito (mesmo que um pouco dolorido). E caso alguém não queira todo o amor que plantei, pouco importa. Eu colho sozinho.

Mais uma de minhas aventuras...

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Por que sentir falta do que nunca foi seu? Bem, isso é o que me pergunto por minutos, horas, dias, semanas. Fará um mês que tudo veio em minha mente. O que? Amor? Paixão? Desejo? Carinho? Atração? Por que? Ele? Por que ele? Como? Quando? Tem solução? Só ilusão, só sonho? Tudo mais uma vez? Então já era hora de parar, pensar e refletir ... e essa insônia ou saudade? É são tantas perguntas ... Tantos “SE”. Ouço vocês querem ficar juntos, por que não se procuram? Por que não conversam? (Conversar com quem? Já não há como falar sozinha o tempo todo). Vocês deviam se amar, deixar fluir... se resolver, há desejo de ambos, mas melhor se afastar? Não adianta vocês pensam que a distância faz esquecer, e com isso se esquecem que a saudade faz lembrar. Sempre digo não por mim, por nós há tantos se ainda e tantos porquês, há solução ou tal razão.   Há somos tão intensos, fomos tão intensos, tudo veio tão rápido, tanto e como... A ponto de ter hoje um ponto e v...

Perto de Você

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E eu que já me acostumei  Tão bem É normal acordar todos os dias Pra cuidar de você Mas você não percebe E vive falando mal E mesmo sem saber Mas não consigo ir embora Mas a cada passo pra frente É o mesmo que dá dois pra trás  Pra perto de você Pra mais perto de você É melhor aguentar seus gritos Do que me afastar  E nunca mais voltar O que eu acho impossível Mas e se a porta fechar É não se abre mais ( Marília Mendonça)

Gata Borralheira

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Nós mulheres, muitas vezes chegamos à vida adulta sem nos darmos conta de que o único impedimento para a nossa realização é a Gata Borralheira infeliz que temos dentro de nós. Quantas de nós deixamos ela tomar conta, passamos a submissão de algo imaginário. Esta Gata Borralheira que no fundo gostaria de ter tido o casamento dos sonhos. Que o marido, o companheiro de jornada - aquele por quem nos encantamos e assinamos contrato de amor eterno - nos apoiasse de fato, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Mas os relacionamentos acabam, o casamento não é um con to de fadas, e os desafios para nos tornarmos inteiras, firmes e plenas é muito maior do que imaginamos. Passamos por decepções que nos tiram o chão do encantamento. Ser feliz é algo muito mais profundo do que ter uma casa bonita e dinheiro para se gastar sem limites, casamento, filhos e constituir família. Ajuda, mas nem de longe preenche o que nossa alma deseja. Vamos mudando com o tempo. Perdendo ilusõe...

Não sabemos mais amar para sempre

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O combinado na maior escala de uma relação é: “viverão juntos até que a morte os separe”. Não é esse? Não continua sendo esse? Será que já matamos o que só a morte ia separar? Todo mundo fala que quer um amor para sempre. Um daqueles de ficar bem velhinhos mas ainda conseguir dar umas bitocas no seu mozão. Todo mundo começa a viver uma história, passa pouco tempo e sai falando que ama e logo sai respondendo que ama também. E até aí tudo bem. Não se trata da hora em que as coisas são ditas. O ponto é:   será que estamos prontos mesmos para amar para sempre? Ou a gente só gosta de colocar “pra sempre” nas legendas das fotos e cantar nos refrões das músicas?   Por quê a nossa paciência acaba na terceira briga e já consideramos a possibilidade de jogar tudo para o alto – inclusive a pessoa que está com a gente? O casal da foto deste texto viveu 52 juntos. E sua última história, quanto tempo durou? Será que você é alguém pronto para amar para sempre? O que sustenta uma r...

Quando foi que gostar de alguém se tornou algo ruim?

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Na minha cabeça era para ser algo leve e gostoso de viver, não essa arapuca toda em que a gente se vê envolvido. Por quê o simples gostar de alguém pode se tornar em algo tão devastadoramente assombroso? Por quê a gente tem que ser menos quem somos para fazer parte de um tal jogo do gostar? Por quê eu tenho que demorar para te responder se a minha vontade é responder já? Que mal tem? “Ah, aí a pessoa vai se assustar né, por isso” – mas e se a pessoa amar receber uma resposta rápida? E se for eu o primeiro a responder rapidamente? E essa atitude é ruim? E se eu responder rapidamente, ela também, a gente se ver e ficar juntos rapidamente? Isso é ruim? Será que se ela se assustar por eu responder rápido não significa que ela não é bacana para ficar comigo? E quanto mais rápido eu souber, menos tempo a gente vai perder tentando? A gente está numa competição entre o sentir x o demonstrar? Quem demonstrar menos ganha? Ganha o que? Quanto menos os dois ficarem juntos, não é pior para ...