Como curar um coração partido.

Os meus olhos se enchem de lágrimas. 
Ele nunca mais me ligará. 
O telefone apita e apesar de todo o meu desespero, eu não o encontro.

 São as amigas, preocupadas. Não respondo. Não aguentaria. 
Limpo a maquiagem borrada e espero as horas restantes para um novo dia. Mais um dia para inexistir. 
Como também serão os seus seguintes. Então, o telefone apita. 
São as minhas mesmas meninas, preocupadas com esta amiga. 

 Nós saímos para beber e eu choro. 
Digo que encontrarei outro homem naquela noite, mas minto para mim mesma. No fundo, apenas choro. 
Vejo uma semana escorrer pelos meus dedos. 

 Pelas feridas deste coração partido. Mais um mês passa. 
Uma estação. Passam todas as estações necessárias. 

 Depois, os apitos do celular já não me angustiam mais. 
As músicas não se transformam em lágrimas. 
O tempo volta a correr no seu gracioso ritmo.

 O sol toca o meu rosto em um domingo qualquer e eu percebo: ele nunca mais ligará. 
E os meus olhos se enchem de risos.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O que resta após o fim?

Imagem
O que resta depois do fim? O fim leva uma culpa que não é dele, ele é injustiçado, ignorado e por muitas vezes ele é acusado de crimes que não cometeu. O tempo só anda para frente e não percebemos isso (por mais ridículo que isso seja), não contemplamos a paisagem, sempre estamos ocupando o futuro que ainda não nasceu, como aqueles pais que planejam a vida, carreira, casamento e as roupas dos filhos que ainda não pisaram nesse mundo.  O fim chega no tempo certo, pontualmente e nos pega desprevenidos, ainda temos um armário cheio de planos e palavras que foram adiadas, pois ouvimos a voz da nossa vaidade nos dizendo eternidades. O fim é gentil e muito educado, mas nós o odiamos e dessa forma secretamente odiamos a vida (apesar das frases maduras do instagram). – Você vai ter que se mudar. Foi frase que eu escutei dias atrás e foi cortante por muitos motivos, mas são como muitas outras frases que escutei ao longo desses meus 28 anos, mas já tiveram piores, como: “Eu n...
Leia mais

O tempo passa… a gente cresce, amadurece e o gosto das lembranças te fazem chorar.

Imagem
Tinha cerca de 22 anos e tive que sair daquela bairro, ainda me sentia pequena e cheia de sonhos.  Segundo minha  mãe e até eu mesma, os ares daquele lugar já não faziam mais sentido algum.  Sempre fui aquele tipo de criança que brincava na rua até o sol sumir do céu, que vivia com o joelho esfolado, sem as tampas dos dedões e que sentia um prazer imenso em sorrir sem motivos.  Era complicado saber que as coisas mudariam severamente em muito pouco tempo. Que aquilo tudo ia exigir de mim uma imensa força de vontade e uma grande facilidade para adaptação.  Não ir à casa da avó todos os dias foi a maior dificuldade. Não ver mais meus avós, tios?A Dor mais imensa. Uma adulta tão criança pudesse vir a sentir falta de tudo que via, todo dia. Aqui, do outro lado da estrada e a quilômetros de distância, eu amadureci. A saudade me fez gostar ainda mais de quem estava longe, mesmo que eu não demonstre, mesmo que não os procure com frequência. Os quilômetros me...
Leia mais