O tempo passa… a gente cresce, amadurece e o gosto das lembranças te fazem chorar.

Tinha cerca de 22 anos e tive que sair daquela bairro, ainda me sentia pequena e cheia de sonhos. 

Segundo minha  mãe e até eu mesma, os ares daquele lugar já não faziam mais sentido algum.

 Sempre fui aquele tipo de criança que brincava na rua até o sol sumir do céu, que vivia com o joelho esfolado, sem as tampas dos dedões e que sentia um prazer imenso em sorrir sem motivos. 

Era complicado saber que as coisas mudariam severamente em muito pouco tempo. Que aquilo tudo ia exigir de mim uma imensa força de vontade e uma grande facilidade para adaptação. 

Não ir à casa da avó todos os dias foi a maior dificuldade. Não ver mais meus avós, tios?A Dor mais imensa. Uma adulta tão criança pudesse vir a sentir falta de tudo que via, todo dia.

Aqui, do outro lado da estrada e a quilômetros de distância, eu amadureci. A saudade me fez gostar ainda mais de quem estava longe, mesmo que eu não demonstre, mesmo que não os procure com frequência. Os quilômetros me deixaram longe do que antes era só o que eu conhecia, mas me fizeram abrir os olhos para novos horizontes. As visitas a casa da avó ficaram mais raras, cada vez mais empolgantes. Até que um dia se foi tudo de vez, hoje as visitas são muito mais raras mais aquelas lembranças das ensolaradas tardes de sol vão ficar comigo para sempre.

Sabe, minha memória sempre foi muito boa para guardar coisas que me marcaram de alguma forma. 

Desde as sextas-feiras com o meu tio olhando desenho animado, ou daqueles domingos com a família reunida e suas brigas, ou aqueles filmes de terror, até o abraço mais apertado do mundo vindo do Vô. 

Ah, os teus abraços Vô! Hoje, a minha saudade não pode mais ser cessada por um deles. Ando com ela, todos os dias dentro do peito. Mas, mais forte que isso, são minhas memórias sobre você. Tuas historias e o os nossos jornais vistos juntos, e o teu sorriso ao me ver entrar pela porta.

A ‘tua pequena’ aqui, não vai esquecer nunca da sorte que teve de poder te acompanhar por tanto tempo. E onde quer que esteja, vou guardar comigo esse turbilhão de memórias e essa saudade inexplicável de um passado que eu vivi, tempos bons demais, que não voltam NUNCA mais.